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O presidente da Comissão de Árbitros da CBF, Aristeu Tavares, deixou o cargo nesta terça-feira. O motivo foi a polêmica entrevista para o POPULAR, publicada na quarta-feira (20/2), na qual revelou ter recebido denúncias dos árbitros de suspeita de manipulação de resultados. Porém, os juízes continuavam a atuar normalmente no futebol brasileiro. Edson Rezende, que é corregedor de arbitragem, assume interinamente a função.
Aristeu, que veio a Goiânia na semana passada para a fase nacional de treinamento dos árbitros, disse para o repórter Thiago Rabelo, do POPULAR, que havia encaminhado para o Ministério Público denúncias de manipulação de resultados, que foram feitas por árbitros. “Sim. Existem denúncias e, repito, foram de pronto encaminhamento para o Ministério Público, que é o órgão fiscal da lei”, comentou. “Nós, a CBF, encaminhamos para o órgão próprio. A gente, inclusive agora, eu esperei virar o ano para a coleta de provas (sic). Eu vou querer acompanhar isso”, acrescentou.
Criticado pela entrevista, inclusive pelo comentarista de arbitragem da Rede Globo, Arnaldo Cezar Coelho, no programa Bem, Amigos, da SporTV, Aristeu ficou em situação complicada. A Associação Nacional de Árbitros de Futebol prometeu levá-lo à Justiça Desportiva para apontar todos os árbitros que denunciaram suborno.
Nesta terça-feira, após reunião com a diretoria da CBF, ele pediu demissão.
Edson Rezende já comandou a da Comissão de Árbitros da CBF entre 2005 e 2008. Ele deixou o cargo por questões de saúde
A entrevista de Aristeu Leonardo Tavares:
No estudo da Europol, há suspeitas de manipulação de resultados no Brasil, mas a rede é complexa e pode envolver não só árbitros, como também jogadores. Na questão da arbitragem, você garante que o País não precisa se preocupar?
Não, lógico que não garanto. Seria leviano da minha parte garantir. Não tenho a capacidade que eu gostaria de ter para botar a mão no fogo e falar de todos. O que eu posso garantir é que estamos cada vez mais atualizando os processos fiscalizatórios e preventivos. Vamos discutir algumas situações e criar um disque-denúncia. Hoje, temos uma ouvidoria. As denúncias que recebemos já encaminhamos para o Ministério Público Federal.

Então, há denúncias sobre manipulação?
Sim. Existem denúncias e, repito, foram de pronto encaminhamento para o Ministério Público, que é o órgão fiscal da lei. Eu esperei virar o ano, ver as denúncias e as coletas de provas. Eu quero acompanhar isso. Vou pedir para verificar com o Ministério Público como que está isso, se houve evolução. Temos de acompanhar.
É uma obrigação nossa. Somos fiscais da moralidade da arbitragem nacional. Posso dizer que a CBF tem colocado ferramentas à disposição, inclusive da população, para fiscalizar isso.

As denúncias envolvem jogos grandes, de Série A, Libertadores?
Não vou entrar em detalhes. Não posso entrar em detalhes porque é denúncia e isso pode dar em nada. Pode ser que alguém fez a denúncia com um objetivo sem fundamento de atingir alguém, porque o torcedor é um ser passional. Ele vê a sua equipe sendo traída e prejudicada, e o culpado é o árbitro.

Os árbitros denunciados continuam em ação?
Sim, eles continuam trabalhando. A gente monitora, obviamente, e não há, a princípio, nenhum indício que contraindique o trabalho desse profissional. Repito, é uma denúncia que tem de ser analisada. Veja bem, algumas denúncias surgiram até de árbitros. É algo interessante. O árbitro fez uma denúncia que ouviu aqui, ali, acolá. É algo que já foi enviado para o Ministério Público e o presidente da CBF já foi alertado.

Você disse que uma denúncia de manipulação foi feita por um árbitro. Esse automonitoramento é um pedido da CBF?
Sim, claro. Vamos reforçar com a nata da arbitragem nacional, que eles têm a obrigação de serem elementos fiscalizatórios da conduta de todos. Temos essa obrigação.

Como impedir a manipulação de jogos no Brasil?
A CBF vem tratando disso há muito tempo, prova disso é a Corregedoria. A Fifa elencou quatro viés. O físico, técnico, psicológico e social. Antes o cara era gordo pra caramba e continuava apitando. Hoje, se ele não tiver bem fisicamente, não apita. Mesma coisa se for desequilibrado e tiver problemas sociais e econômicos.

Quais são os resultados da Corregedoria? Alguém já foi afastado?
Sim. Ano passado, 68 árbitros deixaram de figurar na relação nacional. Problemas de Serasa, SPC, por não ter 3º grau ou não comprovou ter feito um curso que nos traga tranquilidade sobre sua formação.